Novas tipologias de museus 19/05/2022 - 16:46

 

Vimos nesta semana como a museologia e os museus se modificaram ao longo tempo, passando de gabinetes de curiosidade a instituições comprometidas com a sociedade e o entorno onde estão inseridos. Ficou claro como um museu, independentemente do seu programa, espaço e coleções, possui em si mesmo todo o potencial para se inserir de maneira correta e eficaz ao contexto onde se encontra. O protagonismo humano, técnico e profissional é que dará possibilidades ou não de inserção nesse mesmo todo.

Desde sua criação, o conceito de museu está inserido em um contexto de pesquisa e educação, para além das questões de poder e status atreladas às mais diversas coleções, colocando-o em uma posição estratégica dentro do tecido social que se encontra. O fato de comunicar a história do mundo a partir de diferentes suportes fez com que os museus passassem a ser categorizados a partir de tipologias específicas para cada tipo de acervo e, até mesmo essas especificidades foram se atualizando ao longo do tempo, fazendo emergir novas tipologias de museus na atualidade.

Quando pensamos em museus, o senso comum nos leva a imaginar espaços antigos, normalmente em casas ou palacetes tombados e também históricos, que abrigam dentro deles centenas de objetos antigos que nos remete ao passado. Esse tipo de museu clássico de fato representa boa parte das instituições museológicas existentes não só no Brasil, como no mundo todo.

Museus em números
Uma pesquisa realizada pelo IBRAM em 2011 intitulada “Museus em números" nos dá um panorama detalhado sobre os diferentes tipos de museus encontrados no território nacional:

Novas tipologias de museus

Todavia, com a ascensão da sociomuseologia, podemos observar que o desejo de memória se expande e dá voz a novos grupos, novos movimentos de salvaguarda e de preservação do patrimônio material e imaterial.

Na prática essa nova museologia abre espaço para que novos espaços de memória se estabeleçam ao lançar um olhar atento ao que antes era invisibilizado, originando espaços que fogem deste padrão “clássico” de museu, no que diz respeito ao seu espaço, ao seu acervo e sua narrativa.

Um exemplo disso são os pontos de memória, que reúnem um conjunto de ações e iniciativas de reconhecimento e valorização da memória social, de modo que os processos museais protagonizados e desenvolvidos por povos, comunidades, grupos e movimentos sociais, em seus diversos formatos e tipologias, sejam reconhecidos e valorizados como parte integrante e indispensável da memória social.

Relação profunda
Outra tipologia de museu que surge a partir dessa perspectiva social são os museus de território, os ecomuseus e os museus comunitários, que valorizam a memória a partir da relação profunda entre o homem e seu entorno.

Contudo, não podemos desconsiderar que mesmo as instituições clássicas, podem e devem atualizar seus discursos e a forma como apresentam seus acervos de uma perspectiva contemporânea, a partir do olhar da sociomuseologia, ressignificando suas histórias de maneira justa e inclusiva, garantindo assim que todos se sintam representados dentro dessas narrativas.

Este texto foi produzido pelo residente técnico e museólogo Alex Godoy Padilha de Souza e revisado pela museóloga Raisa Ramoni Rosa.

Referências

RIBEIRO, Agostinho. NOVAS ESTRUTURAS/NOVOS MUSEUS. CADERNOS DE MUSEOLOGIA, [S. l.], p. 11-19, Lisboa 1993. Disponível em: file:///C:/Users/alex.cosem/Downloads/468-Texto%20do%20artigo-1608-1-10-20090624.pdf. Acesso em: 18 maio 2022.

PONTOS de Memória: e: experiência museal insurgente e decolonizadora. 2018. Tese (Doutorado) - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração Departamento de Museologia, Lisboa, 2018. Disponível em: http://www.museologia-portugal.net/files/upload/doutoramentos/pontos_memoria_marcele_pereira.pdf. Acesso em: 18 maio 2022.

IBRAM. Museus em números volume 1. Brasília: IBRAM, 2011.

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