Escritora brasileira distribui pelo Japão livro de poemas sobre memória e identidade, realizado pela Lei Paulo Gustavo

Resultado de um projeto aprovado pela SEEC com apoio da Lei Paulo Gustavo, o livro retrata memórias da infância da autora como imigrante no Brasil. A obra teve exemplares entregues ao Consulado Geral do Brasil em Tóquio.
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07/04/2025 - 10:25
Editoria

Cerca de um mês após o lançamento de “Memórias de água” (Telaranha, 2025) no Brasil, a escritora Rafaela Tavares Kawasaki retornou ao Japão para visitar familiares, estudar tópicos para um novo projeto e distribuir, pessoalmente, o livro que foi parcialmente construído pelas lembranças de infância da autora no país. O título é o primeiro livro de poemas de Kawasaki, publicado em fevereiro deste ano e lançado no Museu Paranaense (MUPA), em Curitiba.

Realizado por meio de um projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, com apoio da Lei Paulo Gustavo, a obra reúne textos que passam pelas dimensões da memória — físicas, históricas e pessoais —, como, por exemplo, a experiência da autora como criança estrangeira, uma vez que viveu no Japão por 14 anos antes de retornar ao Brasil, aos 22 anos de idade. O país insular é um dos cenários presentes nos poemas memorialísticos de Kawasaki.

Uma parada importante na viagem foi no Consulado Geral do Brasil em Tóquio. Kawasaki entrou em contato com o consulado para fazer uma entrega de exemplares para o órgão e para a comunidade brasileira. “A recepção foi ótima”, afirma a escritora, que foi recebida por representantes de um setor que atende e apoia brasileiros no Japão em questões que envolvem burocracia, educação e vulnerabilidade.

Os exemplares de “Memórias de água” ficarão disponíveis em uma biblioteca do consulado. Lá, os livros poderão ser lidos por visitantes, por estudantes de escolas que solicitarem empréstimos e por brasileiros detidos em presídios japoneses. De acordo com os responsáveis pelo setor, essas pessoas detidas pedem livros de poesia e romance para ler com certa frequência enquanto cumprem pena.

“Fiquei muito tocada por pensar que o livro, que fala justamente de memória, identidade e lembranças da experiência de migração possa ser lido nessas três situações”, conta a escritora.

Outra entrega de exemplares foi feita na cidade de Oizumi, para a biblioteca do prédio do Restart Community, um espaço multifuncional com o objetivo de preservar a memória da imigração brasileira no Japão.

A biblioteca é denominada de "Memória Viva", por ter em seu acervo periódicos, revistas e obras escritas em português, espanhol e japonês, que, de alguma forma, colaboram com o registro dos 35 anos de imigragação de brasileiros no Japão.

“Penso que ‘Memórias de Água’ é inspirado nas lembranças de infância vividas na terra do sol nascente. A obra, além de bela, serve de estímulo para que outros jovens transnacionais escrevam e registrem a diáspora dos quase cinco milhões de brasileiros que vivem no exterior”, afirma Miguel Kamiunten, professor, cofundador do Movimento Brasileiros Emigrados (MBE) e um dos líderes do movimento Restart Community, que recebeu os livros da escritora em Oizumi.

A província de Gunma, onde fica Oizumi, é considerada o berço da comunidade brasileira no Japão. “Ao sabermos que Rafaela passou parte da sua infância na região, ficamos muito felizes e orgulhosos pelo seu talento e dedicação”, pontua Kamiunten.

Para além do aspecto pessoal, a distribuição dos livros pela autora também é simbólica por acontecer no ano em que é celebrado um marco histórico nas relações entre o Brasil e o Japão: o 130.º aniversário da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação pelos dois países.

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