MUPA recebeu o maior público de sua história em 2023 27/12/2023 - 06:00

O Museu Paranaense, o mais antigo do Paraná e o terceiro mais antigo do Brasil, registrou um recorde de público ao receber 143 mil visitantes ao longo do ano, sendo 8 mil visitantes mediados pelo Núcleo Educativo. Para o MUPA, 2023 também foi marcado pela primeira reforma estrutural desde a instalação da instituição no histórico Palácio São Francisco, em 2002. As ações de reforma e restauro não resultaram no fechamento da instituição, que manteve e continua a manter importância crucial para a preservação da história do Estado do Paraná. 

Com uma programação totalmente gratuita, o MUPA recebeu, em 2023, diversas atividades artísticas, educativas e culturais. Como destaque, a exposição "Mejtere: Histórias Recontadas" refletiu sobre as coleções etnográficas, explorando vozes indígenas. A mostra "Claudia Andujar – Poéticas do Essencial" evidenciou a trajetória ativista da fotojornalista. A exposição individual “O Mau da Língua”, de Davi de Jesus do Nascimento também foi destaque na instituição. O MUPA também participou na "Primavera dos Museus" , que celebrou memórias de pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas. 

Destaca-se, também, "Objeto Sujeito", exposição de longa duração que reúne doze artistas brasileiros contemporâneos dialogando, por meio de suas obras, com o acervo histórico do museu. A exposição é uma incursão profunda na trajetória do MUPA e na história do Paraná, a partir de eventos históricos que ganham novas camadas de interpretação no presente. São mais de 140 obras e itens do acervo postos em relação com as obras.

O último ano foi de grande intensidade para o Museu Paranaense, que se consolidou como um polo crucial para as discussões nos campos das Ciências Humanas, Sociais, da Terra e das Artes, não apenas no Paraná, mas também a nível nacional. O público fiel que visitou o museu registrou um aumento de 93% entre janeiro e dezembro de 2023, comparado ao mesmo período de 2022. Este marco representa o maior registro de público na história da instituição, reafirmando a relevância dos espaços de preservação histórico-cultural para a sociedade paranaense, especialmente em um contexto pós-pandêmico. O número de visitantes é 133% superior ao de 2019, período pré-pandemia.

REFORMA ESTRUTURAL – O Palácio São Francisco, prédio histórico de 1929, que abriga o MUPA desde 2002, já foi residência da família Garmatter, sede do Governo Estadual e sede do Tribunal Regional Eleitoral. Em novembro de 2022, teve início a primeira reforma estrutural da instituição em 20 anos. Sem afetar o funcionamento, as obras serão concluídas em dezembro de 2023. 

As ações previstas no projeto visam garantir a integridade e preservação do patrimônio histórico tombado, tornando o espaço mais adequado para a realização de ações museológicas e de atividades educativas e culturais. Além das ações de restauro e iluminação cênica da fachada, o projeto prevê a implantação do Plano de Segurança Contra Incêndio e Pânico (PSCIP) e a adequação do prédio às normas de acessibilidade, reforma na estrutura da passarela que liga os edifícios anexos, impermeabilização e manutenção da infraestrutura elétrica.

MEJTERE: HISTÓRIAS RECONTADAS – Como resultado de projeto de curadoria compartilhada, o MUPA inaugurou, em fevereiro, a exposição “Mejtere: histórias recontadas”. Explorando a pluralidade de vozes indígenas, a mostra reflete sobre novas perspectivas sobre as coleções etnográficas do museu a partir do encontro do grupo de bolsistas indígenas com o acervo do MUPA. A ação proporcionou a atuação direta de representantes dos povos originários na elaboração da exposição.

CLAUDIA ANDUJAR – Poéticas do essencial: Inaugurada em agosto, a exposição individual da fotojornalista Claudia Andujar é um recorte expressivo da longa trajetória ativista que ela teve através da fotografia. Estão exibidas 24 obras e dois conjuntos, as séries “Genocídio do Yanomami: morte do Brasil” (1989), formada de 228 fotografias, e “Catrimani” (1971 - 1972), composta por 10 obras – todas inéditas no Museu Paranaense.

PRIMAVERA DOS MUSEUS – A Primavera dos Museus é uma ação anual, que ocorre nos meses de setembro, em que os museus brasileiros criam programas especiais relacionados a um tema específico. No último ano, o tema foi "Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas". O Museu Paranaense, que também celebrou 147 anos em setembro, se uniu a esse movimento com uma programação de comemoração.

Ao longo do mês, ocorreu uma mediação para o público adulto por duas exposições: “Mejtere: histórias recontadas” e “Ante ecos e ocos”. Uma ação educativa integrou a programação, com a exposição "Ante ecos e ocos"; a ação buscou questionar o apagamento da população negra na história do Paraná, promovendo diálogo e desconstrução de narrativas sobre essa temática. Também foi promovida uma mesa de conversa, com os convidados Kunta Leonardo da Cruz e Lucí A. Guerra, que discutiram os testemunhos de resistência e produção de memórias por pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas dentro de instituições museais. Por fim, no último dia de programação conjunta entre a Primavera dos Museus e o Aniversário do MUPA, o Museu recebeu a artista Luana Navarro no Espaço Vitrine, inaugurando a instalação “PROCUREM-SE”.

MAU DA LÍNGUA – Mostra individual do artista norte-mineiro Davi de Jesus do Nascimento, inaugurada em dezembro. Ocupando a sala Lange de Morretes até março de 2024, a exposição é composta por trabalhos desenvolvidos especialmente para a ocasião, como fotografias, vídeos, esculturas, objetos, desenhos e falas, além das “águas guardadas”, “aguamentos barranqueiros”, que marcam a identidade do artista.

OBJETO SUJEITO – No mês de dezembro, o Museu Paranaense revisita sua própria história, reorientando as ações museais para uma revisão crítica na concepção das exposições. Consolidando novas perspectivas na criação de narrativas, a mostra de longa duração "Objeto Sujeito" foi inaugurada reunindo doze artistas brasileiros contemporâneos. As obras não apenas dialogam com o acervo histórico do MUPA, mas também redefinem o acervo do museu.

As diferentes linguagens, como fotografia, pintura, escultura e vídeo, mobilizam, a partir do acervo, temas como a instituição museal, a transformação da paisagem, a literatura simbolista, a exploração ambiental, o esporte e a política.

A narrativa expositiva da mostra adota uma abordagem não linear. Em vez de apresentar obras lado a lado em paredes, "Objeto Sujeito" recebeu os visitantes com ilhas expositivas estrategicamente dispostas em estruturas de alumínio e blocos de concreto. A configuração inovadora permite diferentes entradas e conexões na experiência da exposição, desafiando a percepção tradicional dos visitantes. Essa incursão no âmago do MUPA, e sua relação com eventos históricos locais e nacionais, ganha novas camadas de interpretação e sentido, recontextualizando o tempo presente.

São mais de 140 obras e itens do acervo postos em diálogo com obras – em sua maioria inéditas – de Arthur Palhano, Clara Moreira, C. L. Salvaro, Érica Storer, Frederico Filippi, Gustavo Magalhães, Gustavo Caboco, Isis Gasparini, Josi, Laryssa Machada, Pedro França e Willian Santos. "Objeto Sujeito" tem a curadoria do coletivo composto por Felipe Vilas Bôas e Richard Romanini, da equipe do MUPA, e Pollyana Quintella, convidada.

MUPA – O Museu Paranaense, fundado em 1876, foi a primeira instituição científica e cultural do Paraná. O MUPA gerencia um acervo com mais de 500 mil peças, que incluem conjuntos etnográficos, arqueológicos, históricos e artísticos, reconhecido como um dos acervos mais importantes da América Latina.

Buscando não se restringir aos eixos temáticos de História, Arqueologia e Antropologia, a instituição promove a intersecção entre as ciências e a arte contemporânea, abrindo espaço para diversas narrativas. Atualmente, o museu está empenhado em exibir itens de seu vasto acervo de forma interdisciplinar, convidando especialistas dos campos científicos e artísticos a oferecer novas perspectivas sobre os objetos.

ATIVIDADES CULTURAIS – Em 2023, além da mostra do acervo permanente do MUPA, a instituição também recebeu outras exposições e atividades culturais:

  • Programação de férias: durante o mês de janeiro, crianças e adolescentes puderam participar de diversas atividades gratuitas, desde oficinas, ações educativas, observação de abelhas a contação de histórias. Destinadas a crianças e adolescentes de 3 a 14 anos, as atividades ocorreram durante os períodos da manhã e tarde, todas com suporte de intérprete de Libras.
  • Ainda sempre ainda: entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023, o Museu Paranaense recebeu a exposição individual da artista mineira Marilá Dardot. A mostra apresentou um conjunto de obras que exploraram a memória cultural, com peças que tratavam de livros, literatura e linguagem, abordando também temas esquecidos pela história devido a questões políticas, de censura, de gênero ou pela passagem do tempo. Em fevereiro, a artista Marilá Dardot participou em uma mesa-redonda no MUPA com mediação de Luisa Duarte, que assinou o texto crítico da mostra. Gratuita, a mesa-redonda, intitulada “Reconfigurar efemeridades: a opacidade da memória”, tratou de temas centrais do trabalho de Dardot: A linguagem e a palavra.
  • Método Elementar: a convite do MUPA, a artista capixaba Castiel Vitorino Brasileiro performou pela primeira vez em Curitiba, com a apresentação chamada “Advento”. A proposta da artista foi a de uma leitura performática de textos considerados sagrados. Castiel é nascida no Morro da Fonte Grande, comunidade quilombola do Espírito Santo, seu processo artístico envolve o estudo das espiritualidades de matriz africana, mesclando cultura ancestral e arte numa perspectiva decolonial que abraça desde a diáspora Bantu até o afrofuturismo, incluindo também a espiritualidade e ancestralidade travesti. Os vestígios de sua performance em Curitiba permaneceram no museu com a abertura da exposição "Método Elementar” no mês de março.
  • Programação especial – mês da mulher: durante o mês de março, o MUPA manteve uma programação especial em celebração ao mês da mulher. Houve mesas-redondas, oficinas de diálogo e duas novas exposições em cartaz: “Ante ecos e ocos” e “Nosso estado: Vento e/em Movimento”. O objetivo das ações foi de contribuir com a circulação de vozes e vivências das mulheres que protagonizam essas duas mostras com seus saberes e fazeres tradicionais.
  • Programação especial – Abril Indígena: em celebração à diversidade dos povos indígenas do Brasil, o Museu Paranaense preparou uma programação dedicada à valorização e promoção da cultura e da arte dos povos originários. O público pôde participar de visitas mediadas com a equipe educativa do MUPA e participar de uma oficina destinada a interessados em arte e cultura indígena, “Uma história dentro do cesto”.
  • "Vidro", por Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda: em junho de 2023, o MUPA estreou a primeira proposta selecionada no III Edital de Ocupação do Espaço Vitrine. Intitulada "Vidro", essa proposta performática foi parte de uma série elaborada pelos artistas Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr. Sob o pseudônimo Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda e vestidos com uniformes de segurança, exploraram a conexão entre instituições artísticas e os profissionais que diariamente protegem suas obras, abordando questões pertinentes a essa relação.
  • Programação especial Julho das Pretas: buscando fortalecer o protagonismo das mulheres negras em várias frentes de atuação, o MUPA, em parceria com o Movimenta Feminista Negra, realizou ao longo de julho, pelo segundo ano consecutivo, o evento Julho das Pretas. A programação foi composta por diversas atividades e espetáculos em diferentes linguagens: música, teatro, poesia, cultura tradicional e cultura de rua. Também, a roda de conversa “As Preta Véia” contou com a mediação de Isabel Oliveira e teve a presença das convidadas Angélica Pereira da Silva, Clemildes Ferreira Bahr, Giorgia Prates e Leonir Lucinda dos Santos, que debateram sobre as experiências de vida e da ancestralidade negra.          
  • MUPA – COMUNIDADE – CULTURA – RELAÇÕES: em julho, essa ação idealizada pelo Núcleo Educativo do MUPA convidou os visitantes a uma experiência dentro de um espaço de convívio na sala de exposições temporárias Lange de Morretes. Os participantes puderam conhecer os projetos em desenvolvimento pelo museu.
  • PROCUREM-SE: contemplada pelo III Edital de Ocupação do Espaço Vitrine do MUPA, a instalação “PROCUREM-SE” é a primeira mostra individual da artista visual Luana Navarro no museu. É um projeto que iniciou em 2018, ativado pelo contexto político daquele ano e pela consequente inquietação que cresceu na artista a partir disso. De 2018 para cá, o trabalho tomou forma como um adesivo de distribuição gratuita, que ao longo dos anos ocupou diversos espaços, públicos e privados. No Espaço Vitrine do MUPA, o trabalho tomou outra dimensão e uma nova forma de existir a partir do espaço museológico.
  • Mulheres e a constituição de saberes afro-atlânticos: em setembro ocorreu a roda de conversa com Aline Motta e Laura Nsafou, com a mediação de Bárbara Fonseca. O evento, promovido em parceria com a Aliança Francesa, teve como objetivo pensar as relações entre as mulheres negras e constituição de saberes, criando possíveis aproximações e divergências no Brasil e na França a partir das memórias e experiências das convidadas.
  • Rodas de conversa com mulheres migrantes no MUPA: em outubro, o MUPA sediou rodas de conversas com e para mulheres migrantes. Todos os encontros foram gratuitos e abertos ao público, com foco nas mulheres migrantes com interesse em participar das trocas e sensibilizações. Como ponto de partida das conversas, o MUPA reproduziu o depoimento em vídeo de Ayla Espinoza, migrante venezuelana que narra as dificuldades que teve no seu processo de migração ao Brasil.
  • I Seminário de Estudos Avançados em Curadoria: o seminário foi promovido pelo Laboratório de Imaginário Radical, um projeto de extensão da UFPR desde 2020. A iniciativa explorou a curadoria artística como um meio para potencialmente transformar a realidade material no Sul Global, destacando a interação entre universidades, museus, mercado e prática artística.
  • Programação especial – Novembro Negro:  o Museu Paranaense organizou uma programação especial durante o Novembro Negro, apresentando atividades educativas e culturais para fortalecer a resistência e protagonismo da comunidade negra. As ações incluíram mediação educativa na exposição "Ante ecos e ocos", que confronta o apagamento da população negra na história do Paraná; uma oficina de ritmos afro-brasileiros com foco no samba-reggae; e a comemoração dos 50 anos do hip hop no Dia Nacional da Consciência Negra, com uma noite repleta de expressões do hip-hop, incluindo breakdance, discotecagem, slam e batalha de rap na tenda do MUPA.
  • Encontros: em novembro, o artista baiano Augusto Leal inaugurou sua instalação no Espaço Vitrine do MUPA. Terceiro e último contemplado pelo III Edital de Ocupação do espaço, Augusto Leal apresentou a instalação “Encontros”, uma experiência de produção colaborativa de um trabalho de arte com o público do museu.
  • Serviço

Museu Paranaense (MUPA)

Rua Kellers, 289 – São Francisco –  80410-100 – Curitiba
(41) 3304-3301

Horário de funcionamento:

Terça-feira a domingo, das 10h às 17h30

Entrada gratuita

Saiba mais em: www.museuparanaense.pr.gov.br / @museuparanaense

 

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