Museu nas Ruas leva obras do MAC-PR para seis cidades do Paraná em uma exposição a céu aberto

Projeto itinerante com curadoria colaborativa aproxima a arte contemporânea do público e transforma ruas e escolas em galerias vivas.
Publicação
19/09/2025 - 16:34
Editoria

De junho a julho de 2025, o Museu nas Ruas percorreu seis cidades do Paraná – Jacarezinho, Guaratuba, Matinhos, Palmeira, Rio Negro e Santo Antônio da Platina – para apresentar, em painéis de 20 m², seis obras do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR). A iniciativa, viabilizada através do PROFICE, fotografou e reproduziu as obras em alta resolução, criando uma experiência acessível que levou a arte para além dos muros institucionais e diretamente para praças, escolas e espaços de circulação popular.

Com um olhar cuidadoso para a diversidade de linguagens e narrativas, a curadoria do projeto foi assinada por Giusy de Luca, Bernardo Bravo e Bruna Alcântara. O trio combinou diferentes perspectivas – produção cultural, pesquisa histórica e prática artística – para selecionar obras que dialogassem com cada território visitado. “Nossa escolha buscou obras que trazem histórias, memórias e camadas de identidade. Queríamos que cada cidade se reconhecesse em pelo menos uma dessas narrativas”, explica Giusy de Luca.

As obras escolhidas incluem o bordado ancestral de Cláudia Lara, o universo lúdico e reciclado de Efigênia Rolim, as xilogravuras míticas de Gilvan Samico, as bandeiras de resistência de Gustavo Caboco, os retratos sensíveis de Isabel Liviski e as memórias afetivas de Marta Penner. Cada painel contou com QR Codes que direcionam o público a vídeos curtos, permitindo um mergulho no processo criativo e na trajetória de cada artista.

 

Obras apresentadas em cada cidade

Guaratuba – Recebeu as obras de Isabel Liviski e Efigênia Rolim.

Isabel Liviski: “Efigênia a contadora de histórias I e II” (1996), fotografias que homenageiam a própria Efigênia, revelando sua leveza e poder narrativo.

Efigênia Rolim: “Sapato de Salto”, delicado par de sapatos femininos criado com papel reciclado, que transforma materiais simples em poesia visual.

Matinhos – Exibiu obras de Isabel Liviski e do mestre da xilogravura Gilvan Samico.

Gilvan Samico: “O Encontro” (1978), “A Luta dos Homens” (1977) e “Recordações de um Malabarista”(1980), gravuras que misturam mitologia, religiosidade popular e literatura de cordel.

Palmeira – Destacou a arte popular de Efigênia Rolim, cuja imaginação transforma resíduos em personagens fantásticos.

Painéis apresentaram “Sapato de Salto”, exemplo de sua habilidade em criar obras delicadas com materiais reciclados.

Jacarezinho – Recebeu a obra de Cláudia Lara.

“Estratos Cúmulus” (2021), bordado manual e mecânico em filó com fios de nylon e aço, evocando ancestralidade e memórias femininas.

Santo Antônio da Platina – Apresentou a fotografia expandida de Marta Penner.

“Lugares Prediletos” (2002), instalação com fogão à lenha e fotografias, que convida à memória, ao aconchego e à história familiar.

Rio Negro – Trouxe a força política de Gustavo Caboco, do povo Wapichana.

“Coma Colonial”, conjunto de 14 bandeiras bordadas que abordam o processo colonial e a necessidade de retorno à terra e à memória indígena.

 

Oficinas de lambe-lambe: formação e experimentação

Para ampliar a experiência, o projeto promoveu oficinas gratuitas de lambe-lambe em escolas públicas das seis cidades, conduzidas pela artista visual e curadora Bruna Alcântara, que também integra a plataforma Lambes Brasil. Em encontros de quatro horas, jovens e professores aprenderam a técnica da colagem urbana e criaram seus próprios trabalhos, que foram expostos em espaços públicos.

“Quando a curadoria se abre para o diálogo com a rua, a arte ganha novas camadas de sentido. Foi emocionante ver estudantes experimentando a linguagem do lambe-lambe enquanto descobriam o acervo do MAC”, comenta Bruna.

 

Arte, pertencimento e impacto social

Com público estimado em mais de 4 mil pessoas, o Museu nas Ruas produziu seis vídeos explicativos e um documentário, reforçando seu compromisso com a educação e a democratização da cultura. Todas as atividades foram gratuitas e acessíveis para estudantes e comunidades de difícil acesso. Para Bernardo Bravo, que também assina a curadoria, “o projeto é uma forma de devolver à população o direito de conviver com a arte contemporânea, valorizando artistas paranaenses e convidando o público a ser parte da narrativa”.

 

Serviço

Exposição:

Jacarezinho – Praça Rui Barbosa Jacarezinho Chardome

Guaratuba – Colégio Estadual Gratulino de Freitas – Parede Lateral Externa (Av. Dr. João Cândido, 308-398)

Matinhos – Sede da Secretaria de Turismo e Entrada do Anfiteatro da UFPR (Rua Jaguariaíva, 512)

Palmeira – Fachada da Biblioteca Pública Dr. Francisco Ribeiro de Azevedo Macedo (R. Centenário, 2001 – Centro, Campo Largo)

Rio Negro – Colégio Estadual Barão de Antonina (Parede Lateral Externa – Av. Francisco Xavier da Silva, 606)

Santo Antônio da Platina – Colégio Estadual Rio Branco parede externa (Rua 19 de Dezembro, 1001, Centro)

Acesso: Gratuito – painéis em espaços públicos e escolas, com QR Codes para conteúdos digitais

 

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