Estudantes de 8 a 14 anos do curso de teatro do Centro Juvenil de Artes Plásticas apresentaram a peça de encerramento do semestre
Assim que assumiu a direção do CJAP, Luiz Gustavo Vidal Pinto orientou os docentes a trabalhar os artistas paranaenses com as crianças em todas as disciplinas. “Nossa arte é muito rica e a gente tem uma história muito bonita para mostrar para nossas crianças. Vamos valorizar nossos artistas e contribuir para que sejam estudados e trabalhados pelas crianças, tanto nas artes visuais, como nas artes cênicas. A cultura tem esse papel na formação dos cidadãos.”
São 32 atores mirins entre 8 e 14 anos dirigidos pela professora Magda Salete Sella, que organizou o roteiro para todos participarem da trama. O tema deste semestre foi uma novidade para as crianças. “Eles preferem os contos de fadas, que são mais fantasiosos, mas trazer um personagem real e próximo, como o Andersen, também é muito positivo. Nós trabalhamos a produção com figurino, cabelos e maquiagem, para levá-los para a atmosfera da época, nos anos 1830. Assim eles também se divertem e ainda aprendem de forma lúdica”, comenta a professora de teatro que está na instituição há 25 anos.
As crianças se dividiram nos papéis de Andersen, sua esposa Ana, os quatro filhos do casal, o cachorro da família e ainda os personagens de apoio. Ericka Bertol, de 13 anos, é um dos pincéis do artista, que narra a história. “Eles contam a história de como ele veio pra cá, aonde ele deu aula, onde ele estudou, quando ele voltou, essas coisas.”
Impressões
O já veterano de curso com oito anos de casa, Willian Lucas Ferreira Costa, de 14 anos, diz ser a primeira história real que interpreta. Ele deu vida ao artista Alfredo Andersen e outros dois personagens. Para Willian, fazer teatro é o que mais gosta e descobriu cedo, com apenas seis anos de idade. “Fiz a minha primeira peça, que não tinha fala. E daí quando eu vi aquela luz acesa, o calor, as pessoas assistindo, nossa! Eu senti uma coisa que eu nunca tinha sentido na minha vida. Daí eu falei: é isso que eu quero, é isso que eu quero fazer.”
No papel de Ana Oliveira, a esposa do artista, Roberta Pegoretto, de 10 anos, também estava acostumada a fazer contos de fadas e foi a primeira vez, desde que começou no CJAP, há três anos, que fez algo diferente. “Eu acho que é bem legal fazer uma releitura de uma peça, de imagens”, comenta. Roberta explica que Ana conversava e passava muito tempo com os filhos. De suas falas, destaca o carinho que Andersen parecia ter com a esposa. “Tem uma fala que eu digo: ‘Ai o Andersen sempre me dizia...’ e ele falava que foi ela quem sempre mostrou as cores e as belezas do litoral paranaense.”
Com menos tempo de casa, o pequeno Bruno Sguissarde Rosa, de 8 anos, começou o curso de teatro em março deste ano. Esta é a primeira peça da qual participa e faz o Alfredinho. “Dizem que aqui não estão acostumados a fazer essa peça e eu gostei bem desse conteúdo, gostei bastante”, diz animado.
No papel do filho Thorstein, Francisco de Almeida, de 10 anos, citou como ponto mais interessante da peça o fato de grande parte da narrativa ser contada após a morte de Andersen. “Eu achei legal o fato de, em vez da gente contar a história de quando ele ainda estava vivo, meio que todos os personagens, mesmo os que nem sabem da existência dele, contarem uma parte da história.”
Outros tempos
Ao estudarem a história do artista e como viviam os personagens, as crianças logo percebem as diferenças nos costumes da época em comparação com os dias de hoje. “Achei interessante que as obras do Alfredo Andersen contam como era difícil, na época, para as mulheres saírem de casa”, observa Ericka Bertol.
Na mesma linha, Giselle Celli Carzino, de 9 anos, que interpreta a filha Alzira Odília, observou: “É uma coisa muito ruim as meninas terem que seguir a liderança dos homens, não poderem fazer o que querem.”
Novas releituras
Magda comenta que para o próximo semestre outras duas turmas de teatro do CJAP vão contar a história de outros dois artistas importantes do Paraná: Guido Viaro, Efigênia Rolin e Hélio Leites.