Vencedor do edital de Produção e Distribuição de Obras Audiovisuais na categoria longa-metragem, promovido pela SEEC, em parceria com a Ancine, novo longa-metragem de Ana Johann tem equipe quase inteiramente feminina.
Segundo a diretora, o longa, que começou a ser escrito em 2012, não teria possivelmente saído do papel tão cedo sem ter vencido o edital, que possibilita a realizadores do Paraná acesso a recursos federais da Ancine, além da verba estadual, sem que tenham de enfrentar a disputa por vezes desigual com projetos de regiões oriundos de pólos cinematográficos mais consolidados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.
Um dos diferenciais mais significativos de "A mesma parte de um homem" é a composição quase inteiramente feminina de sua equipe. Além de Ana Johann, na direção, o filme conta com mulheres em papéis-chave: Alana Rodrigues, que coassina o roteiro do longa com Ana; Hellen Braga (direção de fotografia); Fabiola Bonofiglio (direção de arte) e Isabella Fonseca (direção de figurino). Sem falar que o longa-metragem tem uma protagonista feminina: Renata, vivida pela atriz Clarissa Kiste, de Ferrugem, premiado longa-metragem do diretor Aly Muritiba, também produzida pela Grafo Audiovisual.
“Tivemos, com todas essas mulheres trabalhando juntas, um set de filmagens amoroso, respeitoso e muito criativo. Como não tínhamos um ‘capitão’ para mandar, não houve brigas no set. Foi um processo muito colaborativo, profundo”, conta Ana, muito satisfeita com o recém-encerrado processo de gravações do filme. A rodagem durou cerca de um mês, com 24 diárias, realizadas na região rural de São José dos Pinhais, para além da Colônia Muricy, de origem italiana.
Como Ana Johann viveu até os 14 anos em uma vila rural muito semelhante ao local onde a ação do longa se passa, o roteiro veio de um lugar bastante próximo, íntimo da diretora. “‘A mesma parte de um homem’ é sobre pessoas que cruzaram o meu caminho, memórias da minha infância mas ao mesmo tempo, travestidas em outros corpos, em outras histórias, já que como contadora de histórias eu posso simular mundos e possibilidades.” (Texto: Paulo Camargo/SEEC)