No próximo dia 18 de novembro, às 20h, a Caixa Cultural de Curitiba recebe o curta de animação “Makunaima é Duwid?”, seguido de uma conversa com convidados sobre a provocação realizada pelo artista e diretor Gustavo Caboco Wapixana nessa produção.
O roteiro instiga o público a uma reflexão sobre o famoso personagem Macunaíma, de Mário de Andrade, que completará 100 anos em 2028, e suas relações com as suas raízes indígenas, em especial do Povo Wapixana. O fio condutor é a pergunta “Makunaima é Duwid?” que, segundo Gustavo Caboco, seria um direito de resposta dos indígenas para a rapsódia de Mário de Andrade, já que Duwid é um ser da cosmologia Wapixana com as características e histórias semelhantes à de Makunaima.
Para a produção da animação, Caboco reuniu pessoas do território Wapichana Canauanim, na Serra da Lua, em Roraima, que realizaram as pesquisas e dublagem em língua portuguesa, wapixana e inglesa para esse produto audiovisual. Já a equipe de animação é formada por jovens animadores de Curitiba que estão em formação no Estúdio Riachuelo, em um curso onde os alunos aprendem a usar softwares de produção, edição e ilustração com mentoria do estúdio de animação Dogzilla.
O projeto foi realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura Municipal de Curitiba, Ministério da Cultura e Governo Federal, no ano de 2023. Durante o lançamento, serão apresentados os processos de criação, as linguagens híbridas do filme e o pensamento indígena que orienta sua concepção, a fim de promover a escuta, o diálogo intercultural e a valorização da produção audiovisual indígena no Brasil, em especial a ideia de “saadkariwei”: o desenho como uma forma de escrita. Em wapichana, “saadkariwei” significa tanto desenho quanto escrita – e o curta se constrói nesses contextos entre o diálogo da memória, oralidade e imagem, explica o diretor.
Sinopse:
“Makunaima é Duwid?” é um curta de animação dirigido pelo artista wapichana Gustavo Caboco, realizado em 2025. A partir da pergunta que dá título à obra, o artista provoca a partir do território Wapichana Canauanim, na Serra da Lua (Roraima), a refletirem sobre o personagem Macunaíma, figura central do imaginário nacional, e suas relações com as narrativas indígenas originárias.
O filme nasce como um direito de resposta indígena à rapsódia de Mário de Andrade, que completará 100 anos em 2028. Transformar a pergunta Makunaima é Duwid? em filme representa uma ideia de desenho como uma forma de escrita – em wapichana, “saadkariwei” significa tanto desenho quanto escrita – e o curta se constrói nesses contextos entre o diálogo da memória, oralidade e imagem.
O projeto propõe apresentar a obra ao público em uma sessão de lançamento na Caixa Cultural, seguida de uma conversa com convidados, destacando os processos de criação, as linguagens híbridas do filme e o pensamento indígena que orienta sua concepção. A atividade busca promover a escuta, o diálogo intercultural e a valorização da produção audiovisual indígena no Brasil.
Gustavo Caboco (Curitiba, Roraima, 1989).
Do povo Wapichana, sua produção artística se desdobra nas áreas das artes visuais, cinema e literatura. Na obra de Caboco encontramos dispositivos para reflexão sobre os deslocamentos dos corpos indígenas, os processos de valorização das culturas indígenas e o direito à memória. Parte importante de suas proposições acontecem em espaços educativos, como escolas, universidades, centros culturais, comunidades indígenas e quilombolas. Desenvolve pesquisa autônoma em acervos e arquivos museológicos como forma de contraposição às narrativas hegemônicas da colonialidade.
Em 2001 fez o seu primeiro “retorno à terra” Wapichana. Em 2018, foi vencedor do Concurso Tamoios de Textos de Escritores Indígenas com o texto “Semente de Caboco”. No ano de 2019, publicou seu primeiro livro, “Baaraz Kawau”, no Museu Paranaense em Curitiba, e participou da Exposição ‘VAIVÉM’ no CCBB. Participou da exposição “VÉXOA - nós sabemos” na Pinacoteca e foi vencedor do 3.º Prêmio seLecT de Arte e Educação em 2020. Foi artista convidado da 34.ª Bienal de São Paulo e da exposição Moquém Surarï no MAM – São Paulo em 2021. Em 2022, realizou a performance “encontro di-fuso” na Universidade de Manchester durante o “Festival of Latin American Anti-Racist and Decolonial Art”, foi convidado para o encontro indígena “aabaakwad” no pavilhão Sámi na Bienal de Veneza, foi artista convidado do 32.º programa de exposições do CCSP com “Coma Colonial”, realizou a individual “ouvir àterra” na Millan (São Paulo), lançou o livro “Baaraz Ka’aupan” no Museu Paranaense em Curitiba. Em 2023, lançou na FLIP a publicação “Literatura do Invisível” e em 2024 assina a curadoria do Pavilhão Hãhãwpuá junto de Denilson Baniwa e Arissana Pataxó na Bienal de Veneza.
Serviço:
O que: Lançamento do curta de animação “Makunaima é Duwid?”
Quando: 18 de novembro de 2025
Horário: 20h
Local: CAIXA Cultural Curitiba
Informações: retirada do ingresso meia hora antes do evento












