A artista brasileira Stefanie Egedy concedeu entrevista e contou detalhes sobre como funciona a obra sonora que será apresentada na segunda edição do Programa Público do Museu Paranaense (MUPA). A instalação BODIES AND SUBWOOFES (B.A.S.) é inédita no Brasil, e fica em cartaz do dia 4 a 7 de julho. Será ativada uma vez a cada hora, das 11h às 17h, com duração de dez minutos cada sessão, exceto no sábado (6), com a última ativação às 15h.
Já no primeiro dia de instalação, 4 de julho, ocorre uma oficina sobre como ouvir seu próprio corpo, com sons de baixa frequência. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas AQUI. Já no dia 6 de julho, às 16h, Stefanie Egedy faz uma “Sessão de Relaxamento Sub-Grave”, uma performance sonora de baixa frequência que investiga os possíveis efeitos relaxantes das ondas sonoras produzidas por subwoofers no corpo e no sistema nervoso. A duração da performance será de uma hora.
Stefanie Egedy investiga o som em peças conceituais, trabalhos comissionados e música eletrônica experimental. Ocupa-se de pesquisar possibilidades com som de baixa frequência, corpos e subwoofers com obras que transitam entre a instalação e a performance – proposições sônicas construindo um corpo de trabalho chamado BODIES AND SUBWOOFERS (B.A.S.).
Subgraves, graves, infrassons, subwoofers e seus efeitos terapêuticos (relaxamento, redução do estresse e da ansiedade), juntamente com sua capacidade de se fazer presente em um espaço, são os fundamentos de sua prática artística – em paralelo às possibilidades de interação entre corpos humanos/arquitetônicos e ondas sonoras, usando gravações de campo, síntese analógica e digital. Confira abaixo a entrevista completa com a artista.
ENTREVISTA – No Brasil, você já expôs suas obras sonoras em lugares como Rio de Janeiro e São Paulo. Como se sente ao apresentar seu trabalho pela primeira vez no Paraná?
S. E. – A minha pesquisa nasceu e se desenvolveu no Brasil, mas foi em 2020, em meus primeiros meses em Berlim, que eu sentei e escrevi o conceito do BODIES AND SUBWOOFERS (B.A.S.). Então, podemos considerar essa a premiere do B.A.S. no Brasil. No passado, apresentei outras derivações do trabalho com frequências baixas sonoras, utilizando o subwoofer com o meu instrumento. Em 2018, eu vim para Curitiba pela primeira vez, para tocar em um evento do selo Meia-Vida. Fiquei encantada com a cidade, sabe quando a gente tem aquela identificação estética instantânea? Soma-se a isso o meu encanto por dias cinzas na cidade, logo, estou animada para voltar a Curitiba numa condição tão especial.
Você poderia falar sobre como o trabalho BODIES AND SUBWOOFERS (B.A.S.) se relaciona com o corpo humano? E como o corpo também se tornou um objeto de investigação para você por meio do som?
S. E. – Com base no conceito de uma "experiência vibracional" e nos efeitos terapêuticos (relaxamento, redução do estresse e da ansiedade) do som de baixa frequência e na fisicalidade do trabalho com subwoofers, criei um conjunto de trabalhos intitulado “BODIES AND SUBWOOFERS (B.A.S.)” – uma série de instalações e concertos site-specific com composições personalizadas, produzidas para cada local.
Eu analiso as especificidades da sala, organizo os subwoofers e seleciono ondas sonoras de baixa frequência específicas, levando em conta características sônicas como ressonâncias e reverberações que são criadas em interação com a arquitetura da sala e sua transparência, que só pode ser percebida de maneira tátil.
Esse estímulo para todo o corpo nos convida a entrar em contato com diferentes tipos de vibrações e a sermos sacudidos por elas. Os efeitos físicos e perceptivos continuam sendo um campo de experimentação. A massagem sonora é sentida e ouvida na pele e no corpo, dando a sensação de ser tocado e abraçado por ondas sonoras. O toque invisível do som.
Cada B.A.S. é formado por um arranjo de subwoofer sob medida que é projetado de acordo com as dimensões do espaço e o tipo de subwoofer. Com essas medidas eu crio “zonas vivas” (com pressão acústica mais alta ou variações) e “zonas mortas” (sem pressão acústica). A vivacidade de uma área é determinada pela expressão da pressão acústica em toda a região, onde os corpos podem ou não perceber o sinal acústico com sua pele/partes do corpo.
Sendo o trabalho BODIES AND SUBWOOFERS (B.A.S.) uma série de instalações site-specific, qual é a importância e especificidade de realizar esse trabalho em um espaço museal como o MUPA?
S. E. – Permita responder com uma pequena anedota inicial. Eu estava almoçando com uma amiga, quando vi o email da Gabriela Bettega, diretora do museu, no meu celular. Ao lê-lo, com êxtase, eu processava o convite, quase incrédula; um convite para apresentar o B.A.S. na minha terra natal, num museu, no MUPA, o terceiro museu mais antigo do Brasil. Lembro que fui tomar um café de celebração com essa amiga, tamanha foi a minha alegria com a proposta. Portanto, essa é a premiére do B.A.S., no Brasil e numa instituição a qual já me sinto conectada. Quanto mais tempo moro na Europa, mais valorizo o tratamento interpessoal que vivencio no Brasil e, durante esse período de produção, já fiquei muito feliz com as trocas que tive com a equipe do museu; e essas trocas, os relacionamentos que construo e vivencio enquanto faço o trabalho, também o compõem.
Além disso, no MUPA, B.A.S. envolverá uma colaboração que me é muito cara: o desenho de luz será feito pela Camille Laurent, com quem venho pesquisando possíveis relações entre som e luz desde 2016. Como ela mora em São Paulo, não trabalhamos juntas há alguns anos, então estou animada para trabalharmos juntas novamente.
Serviço:
Data: 4 a 7 de julho, das 11h às 17h.
Evento gratuito. As inscrições para a oficina podem ser feitas AQUI.
Mais informações de toda a agenda do Programa Público do MUPA podem ser conferidas AQUI ou acessando o Instagram oficial do museu: @museuparanaense
Rua Kellers, 289, São Francisco - Curitiba