COSEM prepara série de textos para celebrar o Dia da Erva-Mate 04/04/2022 - 14:29

Para celebrar o dia da erva-mate (24/04) neste mês a COSEM preparou uma série de textos relacionados à história desse produto, que faz parte da cultura paranaense e está presente no dia a dia de muitos!

Neste primeiro post do mês, contaremos um pouco da história de criação e fortalecimento do estado do Paraná, através do tropeirismo. Para um complemento visual, serão usadas algumas pinturas que são compreendidas como de autoria do artista francês Jean-Baptiste Debret, que em suas viagens representou esse movimento tão característico do desenvolvimento econômico do país.

Debret é conhecido como um dos principais integrantes da Missão Artística Francesa. Suas obras representam a vida urbana no Brasil Imperial, além de paisagens que revelavam a iconografia do país, principalmente do Rio de Janeiro. Existem relatos que o artista viajou rumo ao sul do país em meados de 1827, junto com a comitiva imperial, percorrendo os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para registrar por meio de suas obras a vida as paisagens de mata nativa, os povos indígenas, brancos e negros em seu cotidiano e também as festas e tradições populares.

Um dos fatores para a expansão econômica e política do Estado foi iniciado com o “ciclo da erva-mate” em meados de 1820, sendo esse um dos mais longos e produtivos ciclos econômicos do Paraná. De início, o trabalho de preparo e comercialização do mate era realizado pelos escravos indígenas e africanos e por agregados livres, que trabalhavam próximos aos locais de coleta, sendo que parte da população do período aprendeu a utilizar o mate com os povos indígenas.

ERVA-MATE E TROPEIROS - No século XIX, a erva-mate passou a ser produzida e comercializada por colonos e se transformou no produto mais importante da economia estadual. A erva-mate era preparada em engenhos, onde depois de pronta era transportada em surrões (sacolas de couro) ou em barricas (tonéis de madeira) até os portos do Rio Nhundiaquara, na região da atual cidade de Morretes, e dali até os portos de Antonina e Paranaguá. Inicialmente o transporte da erva-mate era feito por tropeiros em lombo de muares, percorrendo o planalto paranaense e indo até os engenhos litorâneos. No final do século XIX, em 1885, foi inaugurada a estrada de ferro que ligava o interior do Estado até os portos. Dessa forma o transporte da erva-mate passou a ser realizado pelos trens.

Nesse contexto, o tropeirismo tem sua origem quando a produção e o comércio de mulas se torna uma das atividades mais importantes na América do Sul. Segundo pesquisadores, foram os espanhóis que trouxeram nos porões de seus navios muares, com carregamentos de cavalos, burros e mulas para utilização no transporte do continente americano. Deste movimento, surgem as primeiras criações na América do Sul, na região onde hoje estão a Argentina, o Uruguai e o extremo sul do Brasil.

Inicialmente, o tropeiro era considerado o dono do negócio, dos animais que ele colocava em marcha com os seus companheiros de viagem. Podia não ser o único dono, mas tinha alguma participação nessa atividade, como por exemplo, comandar a transação e a viagem. Com o tempo o termo “tropeiro” amplia seu significado e passa a descrever qualquer pessoa que participe ou tenha algum tipo de envolvimento em uma tropeada.

POVOAMENTO DO PARANÁ - O território onde hoje é o estado do Paraná foi cortado por várias trilhas chamadas “caminhos”. Os primeiros caminhos terrestres surgiram com os povos indígenas e com os animais, mas logo foram utilizados pelos bandeirantes vindos de São Paulo e posteriormente aproveitados pelos tropeiros e suas tropas. Essa movimentação que atravessava a região foi de grande importância para a economia do país e em específico para o Paraná, pois a partir dela ocorre a ocupação e o povoamento do território paranaense para além do litoral.

Nesse sentido, atividades econômicas paralelas passam a crescer por conta do tropeirismo, e com a decadência da exploração do ouro e expansão da economia cafeeira (após a Independência do Brasil) o tropeirismo ganhou um novo fôlego e novos mercados, chegando ao seu apogeu em meados do século XIX. O ciclo dos tropeiros acaba definitivamente no final do século XIX, com a construção das rodovias em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

 

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/legado-construido-no-lombo-do-cavalo-47tpgoeb139yfap24ktkwpkcu/
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/legado-construido-no-lombo-do-cavalo-47tpgoeb139yfap24ktkwpkcu/

 

 

Os caminhos de maior importância para o Estado do Paraná foram:

Caminho das Missões ou de Guarapuava;

Caminho de Palmas (que era um ramal do Caminho das Missões);

Caminho do Viamão;

Caminho da Vacaria.

O Museu Paranaense possui um vídeo da websérie “MUPA MINUTO” contando um pouco da história do tropeirismo por meio de imagens e peças de seu acervo. Para assistir ao vídeo, basta clicar aqui.

 

Este texto foi elaborado e produzido pelas residentes técnicas em História Francine Gehring MartinezMariana Mayumi Abe Oliveira.

 

REFERÊNCIAS:

GOVERNO DO PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. O tropeirismo. Disponível aqui.

OLIVIERA, Luciana da Costa. Relatos e imagens de uma não-viagem: o gaúcho na obra de Jean-Baptiste Debret. História em Revista, v. 27, nº 1, 2021. Disponível aqui.

POLLO, Cacilda. Governo do Paraná, Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Tropeirismo no Paraná: documentos para a memória e o ensino de história. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense. 2010. Disponível aqui.

ZUCCHERELLI, Moara. A "rota dos tropeiros" - projeto turístico na região dos Campos Gerais: um olhar antropológico. Curitiba. 2008. Disponível aqui.

BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira; BARRETO, Alice Pereira; DIAS, Guilherme Silvério. Cultura material e práticas sociais no Caminho do Viamão: paisagens toponímicas, arqueologia do cotidiano das viagens, perfil e bagagem dos tropeiros (séculos XVIII e XIX). Anais do Museu Paulista. São Paulo, Nova Série, vol. 29, 2021. Disponível aqui.

 

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