A escritora Dione Navarro lançou em Curitiba a coleção “Viajando pelo Reino Encantado”, composta por quatro livros infantis voltados a crianças com diferentes níveis de baixa visão. Os títulos são: “Aventuras da Xeretinha na Ilha do Mel”, “Livros de Pedra”, “O Reino das Portas Fechadas” e “Rodopiando Versos”. As ilustrações foram feitas pelos artistas Waldomiro Neto, Élio Chaves e Wagner Muniz.
Viabilizados por meio do Edital Multiáreas da Lei Paulo Gustavo no Paraná, os 720 exemplares da coleção foram entregues à Secretaria de Estado da Educação (SEED/PR), responsável pela distribuição gratuita às 83 Salas de Recursos Multifuncionais e aos 14 Centros de Atendimento de Educação Especializada (CAEEs) da rede estadual.
A autora Dione Navarro conta que a inspiração para a coleção surgiu a partir da experiência com o livro “A Galinha Que Queria Ser Perfumista”, também de sua autoria, que foi adaptado para o braille pela Apadevi, em Ponta Grossa. A proposta dos novos títulos é ampliar o acesso à literatura para o público infantojuvenil com baixa visão, utilizando recursos gráficos e visuais adaptados.
O lançamento oficial aconteceu em dois eventos realizados na capital paranaense: no dia 1.º de julho, no Centro de Atendimento de Educação Especializada Natalie Barraga (CAEE), e no dia 2, no Instituto Paranaense de Cegos (IPC). Os encontros reuniram educadores, profissionais da área e representantes da rede de atendimento especializada.
A realização dos eventos em Curitiba resultou numa parceria que possibilitou o aumento do alcance do projeto. Segundo a diretora do Centro de Atendimento Educacional Especializado Natalie Barraga, Anne Goyos Nascimento, é de extrema importância trazer a acessibilidade também para o campo da literatura e da arte: “a literatura faz parte da vida das pessoas, e se não faz, é uma vida mais triste, então se a gente puder fazer com que a literatura chegue para todos, é excelente”.
A diretora também comenta que o material produzido foi muito assertivo em relação ao público destinado, além de reforçar a ideia de pertencimento. “Não tenho dúvidas que será muito proveitoso com as crianças e os idosos que atendemos, porque ter uma literatura mais acessível vai fazer com que eles se sintam visíveis no mundo”, destaca.
Cláudia Camargo Saldanha, coordenadora pedagógica de Educação Especial, do Departamento de Educação Inclusiva, órgão da Secretaria de Estado da Educação, acredita que projetos como o Viajando pelo Reino Encantado tornam a comunidade escolar mais empática e acessível, “a partir do momento que esses estudantes sentem que eles têm acesso ao material e ao conteúdo, eles automaticamente se sentem mais pertencentes àquele espaço e mais acolhidos”, afirma.
De acordo com Cláudia, quando falamos deste público, estudantes cegos ou de baixa visão, é sempre importante ressaltar a questão do material acessível, como o livro em áudio e letras ampliadas. Cláudia ainda destaca as histórias da coleção, que também abordam regiões do Paraná: “o material é muito rico, as histórias envolvem regiões do nosso estado, então crianças que estão fora deste contexto, vão ter a oportunidade de conhecer um pouquinho mais”.
ILUSTRAÇÕES - Dione Navarro, autora da coleção, destaca o trabalho da equipe nesta produção, em especial dos ilustradores, que com a orientação da Editora baseadas em cartilhas específicas, tiveram atenção a cada passo do desenho, como o traço de contorno duplo, escolha por cores frias, poucos detalhes e sombreamento.
Wagner Muniz, ilustrador há 20 anos, recebe o crédito por dar vida a duas obras da coleção: “Livros de Pedra” e “O Reino das Portas Fechadas”. Apesar de muitos anos de trabalho e experiência na área editorial, essa foi a primeira vez que Wagner ilustrou livros que tinham como objetivo atender o público com baixa visão.
O artista descreve a experiência como desafiadora, mas interessante, e conta que trabalhou principalmente com cores primárias e contornos: “quando estamos ilustrando para pessoas que têm a facilidade de leitura, elas compreendem a ilustração por conta das cores. Já neste trabalho, tomei cuidado para não exagerar em detalhes, cores e texturas”, relata. Wagner diz que pretende participar de mais projetos como este, buscando alcançar também outras minorias que têm dificuldade no acesso à cultura e a literatura.
Projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura – Governo Federal.