Em 2025, o Museu Paranaense (MUPA), terceiro museu mais antigo do Brasil, consolidou um ciclo de expansão institucional, com ênfase no fortalecimento da pesquisa, na realização de ações transdisciplinares e na ampliação das leituras sobre seus acervos históricos. A atuação integrou de forma consistente os núcleos de Arqueologia, Antropologia e História ao campo das artes, promovendo novas leituras, ativações e aproximações com diferentes públicos.
Ao longo do ano, o MUPA recebeu cerca de 125 mil visitantes, entre público espontâneo e participantes de oficinas, palestras, visitas mediadas e aberturas de exposições. No mesmo período, foram realizados 66 eventos, reafirmando o museu como um equipamento cultural estratégico, com programação diversificada, forte atuação educativa e compromisso contínuo com acessibilidade, inclusão e ampliação de públicos.
“O conjunto das ações realizadas em 2025 posiciona o MUPA como uma instituição em constante movimento, comprometida com a preservação da memória, a ciência e a construção de diálogos críticos com o presente. Ao articular pesquisa, educação, arte e participação social, o museu consolida seu papel como espaço vivo de reflexão, encontro e escuta plural”, afirma Gabriela Bettega, diretora da instituição.
Entre os destaques de 2025 estão o programa Férias no MUPA, o projeto MUPA — Comunidade — Cultura — Relações, além da participação do museu na 23ª Semana Nacional de Museus e na 19ª Primavera dos Museus. Integrando ainda a Temporada França-Brasil 2025, o MUPA promoveu atividades multidisciplinares alinhadas aos seus eixos norteadores: Identidades Múltiplas, Ecologia, Memória e Cosmovisões.
O Edital de Ocupação do Espaço Vitrine manteve sua regularidade anual e, em sua quinta edição, selecionou três propostas expositivas, fortalecendo o incentivo à produção artística, à pesquisa e à experimentação no espaço museal.
Em março, mês reconhecido internacionalmente como o Mês da Mulher, o MUPA realizou uma programação especial e gratuita em alusão ao Dia Internacional da Mulher. As ações incluíram mediações voltadas à valorização das artistas em cartaz e, em parceria com a Cáritas-PR, oficinas de dança e expressão corporal destinadas a mulheres.
No mesmo período, o museu recebeu a peça-instalação O Coveiro, apresentada em dez sessões entre o fim de março e início de abril. Integrante da Mostra Interlocuções, do Festival de Curitiba, o espetáculo propôs uma experiência híbrida entre teatro, artes visuais e cinema. Durante a apresentação, o ator Diego Marchioro construiu, diante do público, uma instalação a partir de vídeos, obras de arte e fragmentos textuais, transformando a fruição teatral em uma vivência multidirecional.
No Abril Indígena, o MUPA dedicou sua programação à valorização das culturas e saberes dos povos originários, em torno do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril. As atividades incluíram uma visita mediada à exposição “Mejtere: histórias recontadas” e uma ação educativa para crianças sobre a erva-mate, articulando educação, patrimônio e conhecimento tradicional.
Entre os dias 12 e 18 de maio, o museu integrou a 23ª Semana Nacional de Museus, iniciativa coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em celebração ao Dia Internacional dos Museus.
Em junho, o MUPA anunciou os três projetos selecionados para a quinta edição do Edital de Ocupação do Espaço Vitrine, com o tema “Boca de Arquivo”. O edital propôs refletir os arquivos como possibilidade de reelaboração dos limites éticos, históricos, políticos e sociais da construção das narrativas. Voltado às áreas de Artes Cênicas, Artes Visuais, Design, Arquitetura e Pesquisa, o programa selecionou os projetos “Vitrine Panfletária”, de Elilson; “Teoria da Flutuação”, de Marcus Deusdedit; e “MIRAGEM”, de ciber_org. Cada proposta recebeu uma contrapartida financeira de R$ 8 mil, fortalecendo a pesquisa artística em diálogo com o acervo e os campos científicos do museu.
Em setembro, o Museu Paranaense integrou a Temporada França-Brasil 2025 com o evento “Coisas vivas”, reunindo roda de conversa, apresentação musical e abertura de exposição. A programação destacou a diversidade das relações entre Brasil e França e seus vínculos históricos com o continente africano.
A mesa de conversa abordou as relações entre ecologia e estruturas sociorraciais, com a participação de Maya Mihindou, Blick Bassy e Diambe, sob mediação do curador Renato Menezes, da Pinacoteca de São Paulo. A noite seguiu com apresentação musical de Blick Bassy, que articulou ancestralidade, ativismo e sonoridades transatlânticas. A mostra reuniu obras de Ayrson Heráclito e Diambe, trazendo perspectivas afrodiaspóricas que desafiam paradigmas ocidentais dominantes.
Em outubro, o livro “Se enfiasse os pés na terra: relações entre humanos e plantas”, publicação do MUPA, foi anunciado como semifinalista do 67º Prêmio Jabuti, na categoria Projeto Gráfico. Criado em 1958, o Jabuti é o mais tradicional e prestigiado prêmio literário do Brasil. A publicação deriva do Programa Público homônimo, realizado entre janeiro e maio de 2022, que reuniu mais de 40 ações e impactou mais de 20 mil pessoas. A transformação do programa em livro surgiu do desejo de prolongar a experiência para além dos encontros presenciais, preservando a potência das vivências em formato editorial.
Ao longo de novembro, o MUPA promoveu uma série de atividades culturais e educativas em celebração ao Mês da Consciência Negra, com apresentações artísticas, visitas mediadas e oficinas que convidaram o público a refletir sobre as contribuições, ancestralidades e histórias afro-brasileiras que compõem a formação do país.
Ainda no período, o museu anunciou a abertura da exposição “Céu-Eclipse”, inaugurada em dezembro, que propõe uma reflexão sobre os desafios contemporâneos a partir do céu como superfície viva de observação, disputa e imaginação. A mostra articula diferentes linguagens artísticas e temporalidades — científicas, históricas, artísticas e cosmológicas — em diálogo com os eixos curatoriais do MUPA: Identidades Múltiplas, Ecologia, Memória e Cosmovisões.
O projeto contou com consultoria da filósofa Déborah Danowski, da cientista Marina Hirota e do artista e xamã yanomami Sheroanawe Hakihiiwe, reunindo obras de artistas nacionais e internacionais, incluindo trabalhos concebidos especialmente para esta edição. Como prefácio da abertura, o museu realizou uma pré-abertura com performances de Baby Blu em Moritat Celeste — Ato Profano para Voz e Tempestade e apresentação musical de Arto Lindsay, antecipando debates que seguem em destaque na programação do museu.
O ano encerra com um importante anúncio do Governo do Paraná e da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC) em prol da descentralização cultural. A partir de 2026 serão instalados, pela primeira vez, satélites dos museus estaduais em cada canto do Estado, com a criação de oito satélites em diferentes regiões. Mais de 3 milhões de peças dos acervos irão circular pelo Paraná, ampliando o acesso à arte, à memória e à história para toda a população. O Museu Paranaense estará presente nos municípios de Londrina e Pato Branco.


























































