Cerca de 100 pessoas em situação de rua tiveram um dia diferente no último sábado, 02 de abril. O Festival de Teatro de Curitiba, em parceria com a FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba), preparou apresentações culturais no Mesa Solidária. O FTC tem apoio do governo estadual por meio da Copel e da Sanepar.
No local da ação, embaixo do viaduto do Colorado e ao lado da Casa de Passagem Solidariedade, estava uma plateia diferente que não tem acesso a grandes teatros e é acostumada a só ouvir “não”. Invisíveis para parte da sociedade, no sábado eles eram espectadores vibrantes que puderam sorrir por alguns minutos.
“Trouxe alegria para a gente e era o que precisávamos. Eu amo arte”, afirma Paulínia, uma das espectadoras presentes no espaço.
O artista circense Eduardo Stefano Zanquetti, do Circo Hartyn, pela primeira vez se apresentou para um público formado apenas por pessoas em situação de rua. Experiência gratificante, segundo disse.
“A alegria e o circo não estão apenas dentro de uma lona. Estão em qualquer lugar. Foi emocionante. O público estava com energia total e contagiante.”
Para o artista Vitor Vinicius Gregório da Silva, do Circo Vittaly, oferecer arte a esse público representou uma experiência única. “Você não sabe qual a história da vida deles, se perderam pai, mãe, ou caíram nas drogas — situações a que qualquer um está sujeito. Ninguém é melhor que ninguém nesse mundo. E quando vem alguém e os trata de igual para igual, para eles é muito gratificante e para nós também.”
Segundo Vitor, a plateia do Mesa Solidária se mostrou mais receptiva e sorridente comparada ao público que frequenta espaços fechados. “Ontem, fizemos espetáculo no circo para um público muito mais vazio de alma. As pessoas aqui se emocionaram de verdade e nos deram valor. A palma é sempre um incentivo para o artista e, quando você vê essa energia, recebe isso e consegue fazer um espetáculo ainda mais bonito”.
Emocionado, ele afirma que a arte pode transformar a vida dessas pessoas. “Essas pessoas são muito puras, têm a bondade de uma criança. Eles não queriam estar aqui. Para eles, uma programação como essa pode ser uma inspiração.”
De acordo com a coordenadora da Casa de Passagem Solidariedade, Viviane Wengerzynski, a ação possibilitou que as pessoas tivessem entretenimento, algo raro para esse público. “Esses momentos são ótimos, pois é uma população que não tem acesso ao teatro. São excluídos. E o festival veio no espaço em que eles estão e frequentam. E como o espaço é deles, é algo que proporcionou um momento que, de outra forma, seria difícil que tivessem acesso.”